quarta-feira, 9 de outubro de 2013

SAUDADE.

Da minha avó, dona Waldinéia. Da época da escola, de ter 14 anos e achar que tudo era de uma intensidade ímpar. De achar que 1 ano era muito tempo. Do ano de 2006 (só eu sei porque). De um certo Nhoque com carne assada, que eu nunca mais vou comer. De "saber" que tudo pode acontecer com todo mundo, menos comigo (aí vem a vida e mostra que as coisas também acontecem com a gente). De abraço sem motivo. De churrasco e risada com os amigos também sem motivo. Dos melhores shows do mundo. Dos movimentos que a minha barriga fazia quando a Clara morava nela. Do barulho do coração dela em cada ultra. Do Festival de Poesia da escola. Do meu caderno de perguntas, que só sumiu há pouco tempo. Da Pavuna e daqueles ares do subúrbio de anos atrás. De tomar banho de mangueira e de roubar manga do quintal do Seu Crispim. De pegar doce do dia de São Cosme e Damião. De passar madrugadas jogando buraco com a minha avó, minha tia- avó, e sempre perder. Dos finais de semana na casa da minha tia, com as minhas primas. Da Vila Nossa Senhora da Glória, onde passei os 10 primeiros anos da minha vida. De brincar de pique bandeira, de Barbie na casa da Tamara. De pessoas que eu lembro do rosto, dos nomes, das datas de aniversário, mesmo não as vendo em mais de 19 anos... (Joyce, Marcela, Joca, Edu, Bia, Gustavo...). Do meu avô, Seu Itamar, do que eu a que ele visse acontecer. Da Pita, da Priscila, da Olívia, da Britney. De brincar de quem comia mais pizza no rodízio, ou de quem achava mais luzes na época de Natal. De passar as tardes assistindo Supernova. Dos feriados em Araruama. De ser criança. De beber litros e mais litros de coca-cola com pipoca. De assistir junto da minha vó cada novela mexicana do SBT. De ouvir o telefone de casa tocar, e saber que era ela, sempre ela.
Saudade é algo estranho. Sentimos do que foi bom, mas nem sempre é bom sentir. Dói quando só ela sobra. Quando o telefone não toca mais, ou quando se tem medo de visitar o bairro onde você passou as épocas mais felizes da sua vida.
Uma vez li uma definição: substantivo abstrato presente na língua portuguesa apenas. Não sei se isso é verdade, se existe ou não em outras línguas. Mas é todo homem, de qualquer raça, cor, nacionalidade, sempre vai sentir.
Dia 30 de janeiro, coincidentemente ou não, é dia da saudade. Nesse dia, neste ano de 2013, minha mãe-vó-amiga foi embora. Desde então, cada dia entendo mais sobre o que é sentir saudade.
Me pergunto: Sentirão, um dia, saudade de mim?





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