Às vezes esqueço o principal motivo pelo qual resolvi criar esse espaço aqui. O motivo é o mesmo de muitos portadores de Esclerose Múltipla: Ter um diário, um lugar onde você possa xingar meio mundo, fazer drama, mimimi, ter crises à vontade, sem se preocupar se suas lamúrias estão incomodando as pessoas, enchendo o saco, sem encher a timeline do facebook alheio de questões sobre uma doença que (felizmente) a maioria nunca terá.
Pois bem. Hoje, minha postagem é dessas. Drama, mimimi, sofrimento. Um sofrimento MEU, que eu compartilho porque eu quero e me faz bem (muito mais bem que pagar um psicólogo). Eu melhoro muito do meu desânimo quando escrevo. Pura e simplesmente.
Aos poucos, tenho identificado os amigos que tem interesse em mim, na minha vida, no meu bem estar. Quando você fica doente, ainda mais com uma doença que carrega um milhão de estigmas por causa da desinformação (nem sei quantas vezes tive que informar pra pessoas que essa doença não é contagiosa e que não estou demente), você vê as pessoas com pena. Nunca quis essa pena, mas dizer que não gosto de receber um ombro seria mentira. Com o tempo, minha condição deixou de ser novidade e quem não se interessou de coração, hoje já nem pergunta como estou mesmo. Nem ligo mesmo.
Mas em compensação, Deus é bom mesmo comigo, muitos anjos fantasiados de amigos (uns que conheci só na internet em função da sua doença também) se juntaram à mim numa guerra que nem precisava ser deles. Isso eu nunca vou esquecer. Minha doença já se tornou "old news". Gente que prometeu uma visita e não veio, não virá mais. Melhor.
Hoje, dia 14 de agosto, exatamente 3 meses depois do meu último dia "normal" (acordei com o surto em 15 de maio), comecei meu tratamento com o copaxone.
O copaxone, ou acetato de glatirâmer, é um imunomodulador que está entre os medicamentos de primeira linha fornecidos pelo SUS. São injeções, subcutâneas. TODO DIA. Essa parte desce quadrado garganta abaixo. Odeio a sensação de SER uma pessoa doente. Odeio ser perguntada: "até quando?" e responder "sempre".
Ok, tenho a opção da vitamina D (eu vou fazer um post sobre isso), que mostra resultados incríveis e não preciso me furar. Mas tem uma dieta e uma hidratação e exames periódicos PRA SEMPRE também. A sensação de SER doente, de ser diferente, fica nesse ou noutro tratamento.
Eu normalmente sou pra cima, não tive grande crises com o diagnóstico. Apenas algumas coisas me tiraram do rumo: o afastamento de "amigos" e de "familiares" e o tratamento, contínuo, mesmo fora de momentos de crise.
Poxa! Nem quando fiz a pulsoterapia (um procedimento feito no momento de surto, parecido em algo com quimioterapia, que injeta altas doses de corticóides intravenoso e é feito em ambiente hospitalar durante 5 dias e te dá sensação de dor, problemas cardíacos e etc) eu me senti tão mal! Na verdade tirei a pulso de letra. Não senti muita coisa, só cansaço.
Quando o assunto é o tratamento, sempre tive medo. Primeiro porque é injetável (exceto o gylênia, único medicamento oral pra Esclerose Múltipla, mas que é caro pra cacete e o SUS não fornece, e só se consegue por medida judicial em poucos casos), segundo por que na maioria dos casos tem efeitos colaterais muitas vezes piores que a própria doença, e terceiro porque tem uma eficácia muito baixa (cerca de 40% somente. A maioria continua tendo surtos mesmo tomando o medicamento).
Muita gente falou e fala (meu marido por exemplo) que eu devia tomar somente a vitamina D e nem tentar fazer parte desses 40%. Bem, eu decidi fazer as duas coisas: vitamina D e o tradicional.
A minha neuro, baseada nos meus dados clínicos, escolheu entre as opções de tratamento, o copaxone. Ele tem menos efeitos colaterais, e é bom para pessoas com menos lesões nas ressonâncias e que tem disciplina, como eu.
Hoje a enfermeira do TEVA (laboratório que produz o copaxone) veio na minha casa ensinar como devo fazer as aplicações e dar a primeira injeção.
Posso dizer que nunca vou esquecer. NUNCA. Foi muito, muito, muito ruim pra mim. Felipe ficou em casa pra me ajudar. Estava MUITO nervosa. Mais nervosa do que quando fiz a punção lombar por exemplo. Eu sabia que o nervoso era em função do efeito psicológico que se tem entrar num tratamento desse, sem ter hora pra sair.
Demorei mais de meia hora até ter coragem de apertar o gatilho da caneta aplicadora. Não tive. Meu marido aplicou.
Não doeu NADA. NADA mesmo. A enfermeira ficou aqui um tempo pra ver se teria efeitos colaterais. Não tive nada demais. Somente muita ardência e dor local depois da aplicação. Minha barriga ficou roxa.
Sim, a injeção foi na barriga. Tenho além dessa opção, coxas e braços na parte posterior. Como é diário, preciso revezar. De um jeito ou de outro, vai parecer que ganhei uma surra, com um roxinho a cada dia. Rs.
Tive uma sensação de desmaio, mas ainda acho que foi de nervoso. De pânico.
Amanhã tem mais copaxone, e depois, e depois, e depois....
Mas hoje foi a primeira injeção na pança. Essa eu nunca vou esquecer.
E você copaxone, seja legal comigo tá???
Até a próxima.
Carol.
Boa Carol!!!
ResponderExcluirVocê tem sido absurdamente corajosa e te admiro cada dia mais!!!
Tente não pensar no tratamento para a vida inteira,sei que é difícil,eu mesma, sempre paro com minhas medicações, por não conseguir aceitar essa ideia de dependência muito bem...Mas ultimamente tenho aprendido que temos que fazer varias coisas para a vida inteira para mantermos nossa saúde...comer,beber água,dormir...uma longa lista de necessidades básicas que fazemos todos os dias...Temos que pensar na medicação,somente como mais uma rotina a seguir,tentar deixa-lo mais divertido,mesmo quando os efeitos são tão ruins depois,senão desanimamos e quanto pior nos deixamos sentir(emocionalmente e espiritualmente),pior nosso físico se manifesta!
É engraçado como os medicamentos que deveriam nos fazer sentir confiantes e seguras com relação ao enfrentamento da doença,passa a ser na verdade o grande vilão...deixamos de nos preocupar com a doença e passamos a pensar em como é ruim ter q ser dependente dos remédios...
Estaremos sempre aqui,uma ligação de distância!
Beijos,Camila,Tutu e Leandro!
como diria zeca pagodinho, só o dono da dor sabe como dói.
ResponderExcluire eu sei que nao posso sequer imaginar como tá sendo pra vcs, mas posso mandar energia boa, te desejar força (ue tu já tens pra caramba) e orar.
um xeeero, dona quérou!
Olá, tenho 28 anos e descobri minha há 8 meses.
ResponderExcluirO medicamento que uso é o Rebif 44, são 3 injeções semanais e por mais que falem "ha, é uma picadinha de nada" pra mim é sempre um drama na hora de autoaplicar as benditas injeções. Mas com o tempo vc acostuma, leva pra viagens, aplica rapidinho enquanto um filme tá começando, mas o frama de apertar o botão do aplicador está sempre lá, pelo menos comigo é assim. Embora as injeções sejam um incomodo, fico feliz que existam e possam, de certa forma, estacionar a EM.
Boa sorte com teu tratamento e que a EM possa ocupar o menor espaço possível na sua vida. É assim que tento levar a minha, sei que ela está lá. Sei que as vezes ela me limita um pouco, mas tento não dar toda a atenção que ele pede. :)
Barriga roxa... Já faz quase um ano que parei as injeções e ainda tenho a barriga roxa... Também os braços e a perna já estavam entrando nesta situação...
ResponderExcluirVou começar a tomar o Gilenya amanhã, espero que não seja que nem gilete, hehehe, se for eu vou ser "cortada".
Boa sorte no seu copaxone! Eu já tomei Betaferon e Avonex... Só falta eu ter que tomar copaxone. Pode ser que sim, caso o Gilenya não dê certo em mim. Fica com Deus!
Hj foi minha primeira injeção de Copaxone!
ResponderExcluirEspero que tenha sido tudo ok Mariana. Depois de um tempo vc vai ver que tudo se ajeita. ;) Agora, 1 ano depois, tudo ficou fácil. bjs
ExcluirBoa noite Carolina
ResponderExcluirBe nice to yourself and your family, se tratando com vitamina D em altas doses.
Recuperação da saúde sem efeitos colaterais.
André Monteiro
Fui diagnostica com E.M agora em janeiro,helppppp...hoje dia 13/02 tomei a primeira picada de copaxone,a aplicação em si não senti absolutamente nada,mas alguns segundos depois,senti muita,mas muita dor no braço que apliquei,e não era queimação ,era dor mesmo...fiz tudo como manda as instruções ...gente será que essa dor será diariamente?sera que é normal???🙁😓😓
ResponderExcluirEu sinto essa dor também, o médico disse que é normal :/
ExcluirOi,eu descobri a EM,em 2005 fugi durante dez anos, mas agora não deu pra continuar fugindo comecei a aplicar copaxone em outubro de 2018 por orientação do neuro que acompanha o desenvolvimento da doença.Estou me dando bem sem grandes efeitos colaterais,eu mesmo me aplico,os locais ficam um pouco doloridos mas depois passa.agradeço por encontrar pessoas como vocês pra compartilhar o assunto que não interessa a quem ainda não tem problemas de saúde.obrigado fiquem com Deus
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